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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A MINHA EQUIPA DO ANO DE 2010

1-     CASILLAS

2 – MAICON    3 – DAVID LUIZ    4 – PUYOL    5 – F. COENTRÃO


6 – XAVI


8 – INIESTA             10 – SNEIJDER


7 – CRISTIANO RONALDO                                         11 - MESSI


9 – FORLÁN


12 – JULIO CÉSAR
13 – ZANETTI
14 – KUYT
15 – OZIL
16 – DI MARIA
17 – DIEGO MILITO
18 – DAVID VILLA

E PARA TI ?

VOTOS DE UM EXCELENTE 2011

A ideia não é minha, no entanto achei excelente.

Vamos todos tirar o S da palavra CRISE

Em 2011 CRIE.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

MUDANÇA DE TREINADOR – O EFEITO PLACEBO


As mudanças de treinador, são sempre uma temática que não gera consenso.
Dois exemplos completamente diferentes.
Carlos Azenha no Setúbal e Paulo Bento no Sporting.
Será que Carlos Azenha teve todas as possibilidades para desenvolver um trabalho com qualidade? Foi sua iniciativa ir buscar jogadores sem experiência a clubes de divisões secundárias? Julgo sinceramente que não. A verdade é que a crise desportiva e financeira do Setúbal assim o obrigava, sendo que teriam sempre de alcançar a manutenção para não perder investidores e publicidade.
Ao substituir Carlos Azenha, Manuel Fernandes apenas confirmou as minhas suspeitas. Foi buscar jogadores com experiência, mas não assumiu o projecto do clube e não ”jogou” com os jogadores que tinham sido contratados inicialmente.
Por sua vez Paulo Bento durante a pré época, insistentemente, solicitou reforços que pelo que é dado a entender não chegaram. Tal como não chegaram os resultados esperados por alguns dirigentes e principalmente sócios. Daí que tenha pedido a sua demissão com um resultado muito prático. As acções do Sporting subiram 5%, mas os resultados desportivos continuaram e continuam sem resultados práticos. O actual presidente do Sporting para além do famoso “forever,” chegou a afirmar que era uma “perda irreparável”, talvez consciente de que o problema não seria do técnico, mas sim do facto de não se conseguir dinheiro para comprar jogadores de qualidade.
Comparo muitas vezes a minha saída do Tires com estas duas situações. Um esclarecimento. Demiti-me, por minha iniciativa, pelos jogadores… sempre.
Porque razão existiu por parte dos dirigentes do Setúbal maior disponibilidade para ir buscar jogadores com experiência e maior qualidade com Manuel Fernandes e com Carlos Azenha não?
Após a saída de Paulo bento, como é que apareceu dinheiro para investir e comprar jogadores que com Bento não havia? 
Muitas vezes as mudanças de treinador elevam a um efeito placebo, ou seja psicológico, mais causado pela crença de que as coisas vão melhorar. Para alguns jogadores os resultados imediatos são também a maneira de provar que a culpa não era sua, ao mesmo tempo que tentam agarrar o lugar na equipa. Em outros casos as mudanças são efectivamente benéficas, quando visam a organização estrutural da equipa (componente táctica), admitindo porém que tudo o resto a nível organizativo e estrutural está bem.
Será justo o treinador demitir-se ou ser demitido quando:
1 – Solicita reforços e estes não são conseguidos e /ou a estratégia do clube passa pela aposta em jogadores formados no clube ou em divisões secundárias;
2 – Não existe dinheiro para investir e/ou reforçar o empenho dos jogadores;
3 – Os dirigentes não estão presentes (nos treino, jogos e/ou concentrações da equipa);
4 – Existe atrasos nos subsídios;
5 – Quando não existe material para treinar em condições, gás para o banho e/ou regularmente luz para treinar (impossibilitando o treino);
6 – Quando existem dirigentes que só aparecem quando os filhos estão presentes e/ou jogam com regularidade;
7 – Quando se conta com jogadores e no último dia o treinador é informado que esses não estão inscritos;
8 – Quando se treina para jogar no campo A, e se informa a equipa técnica que no último dia que o jogo é no campo B;
9 - Quando existem jogadores lesionados, sem existir a preocupação de os recuperar rapidamente;
10 – Quando se solicita reuniões para discutir, melhorar ou tomar decisões e as mesmas são evitadas e/ou ninguém aparece;
11 – Quando o treinador informa que a equipa não tem condições para competir de igual por igual com as outras equipas, mas mesmo assim os dirigentes dizem que assumem os resultados, sem de uma forma clara o assumirem perante os sócios.

Este para mim é o verdadeiro efeito placebo. A nível organizativo revelasse incapacidades notórias demonstradas como exemplo nos pontos anteriores, que são disfarçadas com uma simples mudança de treinador.
Normalmente o treinador é o rosto de tudo o resto, quando muitas vezes são os caminhos que têm de ser alterados.
Actualmente Carlos Azenha está no Portimonense e Paulo Bento, é aplaudido como Seleccionador Nacional, provavelmente por aqueles que exigiram a sua cabeça no Sporting.
Como já afirmei muitas vezes, em último caso o treinador é sempre o culpado, nem que não seja por aceitar trabalhar em determinadas condições.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL


Na vida acredito em três coisas.

Na família. Não dispenso a sua presença.
Nos amigos, os verdadeiros, os da vida.
E na realização pessoal.
Para ser feliz, só falta estar em campo a treinar…

Feliz Natal  e que todos tenham estes três pergaminhos com muita saúde…

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

PREPARAÇÃO FÍSICA. O QUE É ISSO?


Não pretendo plagiar o artigo do Prof. Dr. Manuel Sérgio que tinha o título de “O preparador físico. O que é isso? Eu não sei”, publicada na revista Foot em 1986… tinha eu 7 anos.
Vinte e três anos depois o tema é ainda considerado inovador, no entanto, a meu ver, ainda não tem a projecção devida nem a aplicação correcta.
O propósito deste texto é levantar de novo a discussão em torno do planeamento e carregar baterias de modo a que exista evolução.
Existe o treino tradicional, analítico; existe o treino integrado, que é o treino com bola, não muito diferente do anterior, e existe a Periodização Táctica com o qual me identifico mais.
As primeiras metodologias, sobre o paradigma de Descartes, dividem o pensamento e o ser, a alma e o corpo, e vêem o homem como uma máquina. É também baseado nesta influência cartesiana que nasce a Educação Física.
O paradigma da complexidade surge com Kant, que assume o Homem como um todo, surgindo a Ciência da Motricidade Humana por Manuel Sérgio, defendida entre outros por António Damásio, brilhante neurocirurgião, que publicou “O erro de Descarte” e aplicada, brilhantemente, pelo treinador Mourinho. É nesta vaga metodológica que se aplica a Periodização Táctica.
Esta "consiste em distribuir no tempo a aquisição de comportamentos tácticos (princípios e sub-princípios) inerentes a uma forma de jogar (específica), com o subjacente arrastamento da dimensão técnica, física e mental. Sobrepõe o colectivo ao individual." (Vítor Frade, 2003). É a operacionalização de um jogar através do desenvolvimento contínuo do Modelo de Jogo.   
Eu, na realidade, não sei como preparar uma equipa meramente no seu aspecto físico, descontextualizada dos conceitos de totalidade, complexidade, especificidade e intencionalidade, integrados na metodologia da Periodização Táctica. Mais do que partir o todo (treino físico, técnico, táctico ou psicológico), é assumir que o todo é mais do que a soma das partes.
Sem dúvida, a meu ver, o mais importante é o Modelo de Jogo. Um conjunto de princípios e sub-princípios organizativos das fases de jogo, que dêem organização e direccionalidade à equipa. O objectivo é criar uma forma de jogar desde o primeiro dia de treino.
Se tivermos de ensinar um cozinheiro a cozinhar, a primeira coisa a fazer é colocá-lo a correr à volta do fogão para que fique em forma? Penso que não. Não será crucial familiarizá-lo com os alimentos e condimentos e da forma como interagem?
  O futebol é táctica, vive cada vez mais de estratégias. A função de um jogador depende claramente das referências colectivas, referências essas que são determinadas pelo treinador no seu modelo de jogo, que vai condicionar claramente o seu treino. Os seus exercícios e intervenções no treino devem ter como objectivo seguir o modelo que serve como referência.
A criação de um modelo é determinada por factores fundamentais, como o próprio clube, os seus objectivos e especialmente as características dos jogadores.
A juntar a esta metodologia, devemos organizar o treino interagindo no microciclo semanal, os princípios da alternância horizontal, da progressão complexa e das propensões.
O princípio da alternância horizontal em especificidade é o que nos vai permitir conjugar as contracções musculares na sua tensão, duração e velocidade. Neste sentido, se durante os 3 ou 4 treinos semanais realizarmos unicamente 10x10, as solicitações serão as mesmas, o que provocará fadiga.
O princípio da progressão complexa depende do contexto e da hierarquização dos princípios. É provavelmente o aspecto mais importante no início da pré-época. Como vamos iniciar o treino do nosso jogar? As competências a adquirir pelos jogadores dependem de um contexto, devem ser metodologicamente planeadas, daí a importância deste princípio. Se estamos numa equipa que está em primeiro lugar e é candidata à subida, possivelmente a lógica é trabalhar o ataque em primeiro lugar.
Se estamos numa situação diferente, com uma equipa que luta pela manutenção, mas que está em último lugar, se calhar penso que será importante preocuparmo-nos em desenvolver mais os princípios defensivos.
Relativamente ao princípio das propensões, focaliza-se na criação de contextos propícios a determinadas aquisições. Está intimamente ligado ao sentido. Imaginemos que crio uma situação de exercício de posse de bola.
 Os jogadores naturalmente vão procurar manter a posse da bola, no entanto, tem de existir grande especificidade naquilo que pretendo desenvolver.
 Se pretender melhorar a pressão defensiva, por um lado tenho de especificar o modo como ela deve ser elaborada e em que condições, desenvolvendo o modo organizativo. Por outro lado, devo organizar o exercício para que os comportamentos tácticos que pretendo desenvolver surjam. Refiro-me aos condicionalismos do exercício, seja em espaço amplo, ou em espaço reduzido, se coloco apenas uma equipa em posse, se limito o número de toques possíveis, entre outros.
Em suma, na realidade não acredito em preparações físicas. Quem treina tão pouco por semana só pode e só consegue preocupar-se com os aspectos estratégicos da equipa. Isso só é possível com a criação de um Modelo de Jogo adaptado aos jogadores, onde estejam definidas as suas interacções e competências.
Mourinho uma vez disse:
“(...) Desculpem-me os que são crentes, mas para nós não passam de vocabulário desactualizado.
Refiro-me a conceitos como treino físico, preparação física, pastas de preparação física, entre outros. Não critico quem pensa desta forma. Critico quem compara o nosso processo com outros processos (…). Começo por dizer o que tenho dito noutras alturas: não tenho preparador físico, pelo que não posso ter pastas de preparação física, pois como líder responsável pelo processo não teria pasta para lhe dar! Tenho sim colaboradores no processo de treino e jogo, com funções muito específicas, de acordo com as necessidades de gestão de uma época longa. Tudo se relaciona com a forma como treinamos. Não temos espaço para o treino físico, isto é, não temos espaço para os tradicionais treinos de resistência, força ou velocidade. É tudo uma questão de comportamentos! (...)”
“(...) Sei que é uma questão difícil de desmontar sob o ponto de vista cultural. Além do mais existem pessoas, por direito próprio, a pensar de forma radicalmente oposta. Mesmo para os que dizem treinar com situações de jogos reduzidos, porque mesmo esses vivem agarrados e obcecados com tempos de exercitação, de repouso, repetições, etc. Todas estas questões são para nós “acessórias”. O que é crucial é mesmo o conteúdo de princípios de jogo inerentes a cada exercício e a relação interactiva que estabelecemos com o mesmo. O que é mesmo fundamental é entender que aquilo que procuramos é a qualidade de trabalho e não a quantidade, treinar para jogar melhor.”

O Modelo é a assinatura de um treinador.
 Esta é a principal perspectiva de avaliação do trabalho do treinador. O jogar, que é no sentido lato, o início do nosso trabalho, é a nossa intencionalidade, diria mais, a nossa identidade. 
Sem a Periodização Táctica a preparação física não teria sentido. Sem a preparação física ou o treino integrado, a Periodização Táctica não teria história. O passado está no presente. Sem ele o presente não teria nenhum sentido.
A sorte, o imprevisto, o árbitro, a bola que não entrou, que bateu na trave ou no poste, podem justificar o ganhar e o perder, mas na realidade não justificam todas as derrotas, nem todas as vitórias.

Um pouco de história...


No Futebol actual é normal um ex-jogador passar a treinador deixando pouco espaços aos Licenciados para se afirmarem. Não defendo uma posição extremista de que os Licenciados em Desporto é que devem estar no Futebol. Sou sim, defensor de que não se cometa os mesmos erros, e que não se copie para o futebol metodologias ultrapassadas de quem foi formado erradamente e de quem não quer evoluir.
A primeira tendência, oriunda dos países do leste caracterizava-se por dividir a época desportiva em períodos para atingir “picos de forma” em determinados momentos da competição, sem estabelecer qualquer ligação à forma de jogar.
A segunda tendência oriunda do Norte da Europa deu grande importância ao desenvolvimento físico. Adveio desta teoria os testes físicos e a noção de Carga de Treino tentando perceber a forma física dos jogadores.
O conceito de treino integrado surge com os aspectos físicos, técnicos, tácticos e psicológicos a serem desenvolvidos conjuntamente.
O Professor Monge da Silva determina esta evolução como período sincrético (onde não existe diferença entre a competição e o treino), passando pelo período analítico (onde se divide em parcelas o treino técnico, táctico, físico e psicológico) e o período sintético (que se identifica com o treino integrado.)
Foi este mesmo Professor que após treinar com o treinador Lajos Barotti modificou o seu próprio conceito de treino e assumiu o erro, ao verificar que fazendo apenas treinos conjuntos e dois jogos semanais na pré-época a equipa não decaiu de forma tal como ele, preparador físico do Benfica esperava. “Verificou-se uma situação diametralmente oposta à prevista: a equipa fez uma época extraordinária, terminou fortíssima, tendo ganho o Campeonato Nacional, a Taça de Portugal e sido eliminada na meia-final da Taça dos Vencedores das Taças num jogo em que esteve fisicamente muito bem.” (Silva, Bola Magazine; nº 134, Julho 1998).
Actualmente ainda estamos na era Mourinho onde tudo se faz com bola, mas não se compreende bem o verdadeiro conceito de treino do Doutor Mourinho. São estes os erros “de repetir até ao cansaço as mesmas palavras e as mesmas ideias” que alguns ex-jogadores fazem no decurso da profissão de treinador.
Enquanto alguns treinadores já estão na nova era da periodização táctica, outros, ainda se importam com o físico e julgam que colocando a bola no treino já estão actualizados e são inovadores.
Ao treinar homens, assumimos o Homem como um todo, reconhecendo o “erro de Descartes,” e assumindo que a emoção é um mecanismo da razão, tal como António Damásio argumenta.   
O que importa é a operacionalização de um jogar, através do desenvolvimento contínuo do Modelo de Jogo, sabendo antecipadamente que os jogadores são complexos elementos em interacção. Deste modo, e partindo do princípio que a equipa é um sistema, é fundamental analisar a relação entre os seus constituintes. O jogador deve ser analisado como um todo complexo dentro de uma interacção dinâmica. A complexidade, visto muitas vezes na ciência como factor de incerteza, é defendido por Edgar Morin como a “incerteza no seio de sistemas ricamente organizados.”
A construção do Modelo de jogo pretende dinamizar a unidade, conjugando a diversidade dentro da própria unidade que são os jogadores.
É vital a qualidade individual, mas mais importante ainda é a conjugação e coordenação de todos os elementos em jogo.
É neste conceito de totalidade e complexidade, conjugando as Ciências Humanas e Naturais, que está o segredo de Mourinho, o que o distingue dos outros. A conjugação de áreas reconhecendo o jogador como um todo em busca da constante superação é o novo paradigma. Daí que, Manuel Sérgio afirme que “hoje, o conhecimento é conhecimento em rede. Por isso, quem sabe só sabe de Futebol nada sabe de futebol.”
É necessário um salto qualitativo no futebol, na sua metodologia de treino, na forma de pensar e executar. É necessário evolução e não repetição. Só com ruptura existirá mudança.
Concluindo, o jogador é um todo, que actua emotivamente e que procura a sua constante superação. Admitindo isso, cabe ao treinador rentabilizar as suas mais valias inseridas num Modelo de Jogo, num processo intencional. O Modelo referência a organização da equipa e dos seus jogadores num jogar específico que é único em cada equipa. Esta organização é construída no processo de treino face a competências que se pretende adquirir no futuro.
Na especificidade do desenvolvimento individual e da aquisição de competências por parte dos jogadores, parte-se para o fundamental que é a identificação colectiva que transforma a equipa numa unidade única.

“O treinador deverá sempre: aplicar e ao mesmo tempo pôr em causa as suas concepções teóricas e teorizar e ao mesmo tempo pôr em causa a sua práxis. Só assim haverá transformação, ou seja evolução.” (Monge da Silva)