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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

MUDANÇA DE TREINADOR – O EFEITO PLACEBO


As mudanças de treinador, são sempre uma temática que não gera consenso.
Dois exemplos completamente diferentes.
Carlos Azenha no Setúbal e Paulo Bento no Sporting.
Será que Carlos Azenha teve todas as possibilidades para desenvolver um trabalho com qualidade? Foi sua iniciativa ir buscar jogadores sem experiência a clubes de divisões secundárias? Julgo sinceramente que não. A verdade é que a crise desportiva e financeira do Setúbal assim o obrigava, sendo que teriam sempre de alcançar a manutenção para não perder investidores e publicidade.
Ao substituir Carlos Azenha, Manuel Fernandes apenas confirmou as minhas suspeitas. Foi buscar jogadores com experiência, mas não assumiu o projecto do clube e não ”jogou” com os jogadores que tinham sido contratados inicialmente.
Por sua vez Paulo Bento durante a pré época, insistentemente, solicitou reforços que pelo que é dado a entender não chegaram. Tal como não chegaram os resultados esperados por alguns dirigentes e principalmente sócios. Daí que tenha pedido a sua demissão com um resultado muito prático. As acções do Sporting subiram 5%, mas os resultados desportivos continuaram e continuam sem resultados práticos. O actual presidente do Sporting para além do famoso “forever,” chegou a afirmar que era uma “perda irreparável”, talvez consciente de que o problema não seria do técnico, mas sim do facto de não se conseguir dinheiro para comprar jogadores de qualidade.
Comparo muitas vezes a minha saída do Tires com estas duas situações. Um esclarecimento. Demiti-me, por minha iniciativa, pelos jogadores… sempre.
Porque razão existiu por parte dos dirigentes do Setúbal maior disponibilidade para ir buscar jogadores com experiência e maior qualidade com Manuel Fernandes e com Carlos Azenha não?
Após a saída de Paulo bento, como é que apareceu dinheiro para investir e comprar jogadores que com Bento não havia? 
Muitas vezes as mudanças de treinador elevam a um efeito placebo, ou seja psicológico, mais causado pela crença de que as coisas vão melhorar. Para alguns jogadores os resultados imediatos são também a maneira de provar que a culpa não era sua, ao mesmo tempo que tentam agarrar o lugar na equipa. Em outros casos as mudanças são efectivamente benéficas, quando visam a organização estrutural da equipa (componente táctica), admitindo porém que tudo o resto a nível organizativo e estrutural está bem.
Será justo o treinador demitir-se ou ser demitido quando:
1 – Solicita reforços e estes não são conseguidos e /ou a estratégia do clube passa pela aposta em jogadores formados no clube ou em divisões secundárias;
2 – Não existe dinheiro para investir e/ou reforçar o empenho dos jogadores;
3 – Os dirigentes não estão presentes (nos treino, jogos e/ou concentrações da equipa);
4 – Existe atrasos nos subsídios;
5 – Quando não existe material para treinar em condições, gás para o banho e/ou regularmente luz para treinar (impossibilitando o treino);
6 – Quando existem dirigentes que só aparecem quando os filhos estão presentes e/ou jogam com regularidade;
7 – Quando se conta com jogadores e no último dia o treinador é informado que esses não estão inscritos;
8 – Quando se treina para jogar no campo A, e se informa a equipa técnica que no último dia que o jogo é no campo B;
9 - Quando existem jogadores lesionados, sem existir a preocupação de os recuperar rapidamente;
10 – Quando se solicita reuniões para discutir, melhorar ou tomar decisões e as mesmas são evitadas e/ou ninguém aparece;
11 – Quando o treinador informa que a equipa não tem condições para competir de igual por igual com as outras equipas, mas mesmo assim os dirigentes dizem que assumem os resultados, sem de uma forma clara o assumirem perante os sócios.

Este para mim é o verdadeiro efeito placebo. A nível organizativo revelasse incapacidades notórias demonstradas como exemplo nos pontos anteriores, que são disfarçadas com uma simples mudança de treinador.
Normalmente o treinador é o rosto de tudo o resto, quando muitas vezes são os caminhos que têm de ser alterados.
Actualmente Carlos Azenha está no Portimonense e Paulo Bento, é aplaudido como Seleccionador Nacional, provavelmente por aqueles que exigiram a sua cabeça no Sporting.
Como já afirmei muitas vezes, em último caso o treinador é sempre o culpado, nem que não seja por aceitar trabalhar em determinadas condições.

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