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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O trabalho da resistência no futebol.



“O Desporto, criação do homem, surgiu e desenvolveu-se ao mesmo tempo que a civilização. A teoria e a prática desportiva constituem formas de cultura, da cultura desportiva.
O desporto, que é uma característica da época contemporânea, é ao mesmo tempo um excelente meio de educação física, componente importante e inseparável da educação geral e multidimensional do homem” (Leon Teodorescu).
Segundo treino da pré – época e continuamos a tentar criar a “nossa forma de jogar”. Nesta fase, a carga de treino é mais forte. Trabalhamos com um maior volume, mas não descontextualizamos os exercícios. Pretendo que os jogadores estejam bem fisicamente, mas com isto quero dizer que pretendo que sejam capazes de protagonizar tarefas técnico tácticas descritas no MODELO DE JOGO.
Continua a existir três vertentes do treino. Existe o treino tradicional, analítico, sem bola; existe o treino integrado, que é o desenvolvimento de capacidades que muitas vezes estão descontextualizadas o modo de jogar, não muito diferente do anterior, e existe a Periodização Táctica com o qual me identifico mais, apesar de não concordar com a terminologia utilizada.
As primeiras metodologias, sobre o paradigma de Descartes, dividem o pensamento e o ser, a alma e o corpo, e vêem o homem como uma máquina. É também baseado nesta influência cartesiana que nasce a Educação Física (educação do físico).
O paradigma da complexidade surge com Kant, que assume o Homem como um todo, surgindo a Ciência da Motricidade Humana por Manuel Sérgio, defendida entre outros por António Damásio, brilhante neurocirurgião, que publicou “O erro de Descarte” e aplicada, brilhantemente, pelo treinador Mourinho. É nesta vaga metodológica que se aplica a Periodização Táctica. Reforço, que tal com a taxonomia da educação física está errada, no meu entender a da Periodização Táctica também, visto não se pretender periodizar apenas a táctica. Contudo, sem a Periodização Táctica a preparação física não teria sentido. Sem a preparação física ou o treino integrado, a Periodização Táctica não teria história. O passado está no presente. Sem ele o presente não teria nenhum sentido e o futuro será diferente.
Eu, na realidade, não sei como preparar uma equipa meramente no seu aspecto físico, descontextualizada dos conceitos de totalidade, complexidade, especificidade e intencionalidade, integrados na metodologia da Periodização Táctica. Mais do que partir o todo (treino físico, técnico, táctico ou psicológico), é assumir que o todo é mais do que a soma das partes. Em suma, na realidade não acredito em preparações físicas. Quem treina tão pouco


por semana só pode e só consegue preocupar-se com os aspectos estratégicos da equipa. Isso só é possível com a criação de um Modelo de Jogo adaptado aos jogadores, onde estejam definidas as suas interacções e competências.
Mas então, como é que se trabalha a resistência nesta fase preparatória? Podemos descrever a RESISTÊNCIA, como a capacidade para suportar as exigências físicas, técnicas e tácticas estabelecidas no MODELO DE JOGO, durante uma partida e ao longo do campeonato (Solé 2004).
Ao melhorar a RESISTÊNCIA no futebol estou a contribuir para:
1.       uma base sólida do treino da técnica e da táctica e das suas exigências;
2.       o aumento da capacidade física para participar mais e melhor durante o jogo e ao longo de toda a partida;
3.       a melhoria da capacidade de recuperação;
4.       o aumento da resistência psicológica;
5.       a redução dos erros relacionados com a fadiga;
6.       manter a velocidade de reacção elevada;
7.       o aumento dos índices de saúde;
8.       a diminuição do risco de lesão.
Desta forma, no dia de hoje treinamos situações de 4 x 2 (estilo meinho). Com este exercício reforçamos as aprendizagens sobre a organização ofensiva do dia anterior e introduzimos o factor mais importante da organização defensiva.
                Realizamos um trabalho em circuito, com três estações. Exercício: GR+4X4+GR; Exercício 2X2; Exercício - situação: 4X3 (+1), para o desenvolvimento da transição ofensiva, que relembro era a principal objectivo deste treino. Sendo um treino difícil de controlar a minha atenção foi sobre esta última estação. Determinar o princípio fundamental da transição ofensiva e os subprincípios inerentes e certificar-me que os feedbacks são específicos ao que se pretende desenvolver. Enquanto isso os guarda redes, realizam trabalho específico a parte para desenvolvimento específico e integrados de modo a absorver os conteúdos do treino. Este tipo de exercícios desenvolve a RESISTÊNCIA ESPECÍFICA, com incidência sobre a resistência na tomada de decisão. É possível que a frequência cardíaca dos jogadores varie entre os 174 batimentos por minutos e os 180, estando a desenvolver a potência aeróbia  / anaeróbia láctica. A transição entre exercícios era efectuada em corrida contínua de baixa intensidade.
Finalizamos o treino com um exercício de GR+6X6. a base do exercício foi a mesma do dia anterior, para continuar a desenvolver a primeira fase de construção, criar rotinas. Foi colocada uma nova condicionante de modo a desenvolver a transição ofensiva. Por cada golo marcado da equipa A, era coloca uma nova bola em campo para a equipa B, tentando por em prática as movimentações solicitadas no exercício anterior, sair em transição ofensiva. Nesta altura os erros são normais. Por isso, parar o treino, corrigir e voltar a avaliar são factores normais.
O treino terminou com o explicar do posicionamento ofensivo e defensivo nos esquemas tácticos (cantos).
A sorte, o imprevisto, o árbitro, a bola que não entrou, que bateu na trave ou no poste, podem justificar o ganhar e o perder, mas na realidade não justificam todas as derrotas, nem todas as vitórias.
Continuamos a desenvolver a nossa forma de jogar. Hoje é dia de jogo. Avaliar e reformular o planeamento, caso seja necessário.

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